Há muito se fala sobre sustentabilidade nos negócios, novas formas de produção, quais são as formas de gerar menos impacto socioambiental e beneficiar a sociedade e não somente visar o lucro. E em meio a esses questionamentos e novas formas de fazer negócio, vemos o que resulta da união do business tradicional com a consciência do impacto positivo que um negócio pode trazer à comunidade ao seu redor. Isto resume o que é considerado o “negócio social”, i.e. uma empresa autossuficiente e que maximiza seu impacto socioambiental.
Um dos pilares do LABmoda é a sustentabilidade, e se tratando de moda, a sustentabilidade vai além de selecionar matéria-prima orgânica para criar peças de roupa de viés minimalista e/ou atemporal. A sustentabilidade social e ambiental passa por todos os processos da marca - produtivos e administrativos - de forma a gerar impacto positivo na comunidade onde está inserida e também às pessoas envolvidas direta e indiretamente nesse processo.
Se tratando da moda autoral de Curitiba, podemos citar três projetos que têm se destacado como negócios de impacto, que foram selecionados para o Projeto Legado 2020 - iniciativa do Instituto Legado e que tem por objetivo oferecer educação inovadora, programas de aceleração e oportunidades estratégicas para fortalecer projetos sociais de impacto. É o caso das marcas LaLuz Brasil, Sui Generis Camisaria e VLuxo. Além do cuidado com a escolha da matéria-prima de seus produtos, os três projetos têm em comum o impacto que geram em diferentes grupos sociais.
A Sui Generis Camisaria contribui para transformar a realidade da população autista. Através das pinturas realizadas nos tecidos que mais tarde se transformam em peças exclusivas, a marca dá a oportunidade de reconhecimento e inclusão social. Parte do lucro da venda de cada uma das peças é direcionado a Associação Contato, em Lavras, no estado de Minas Gerais. Dessa forma, a associação tem realizado eventos com médicos e educadores, com o intuito de conscientizar a população e orientar as famílias sobre o assunto. Ainda se tratando dos produtos da Sui Generis, sua matéria-prima é nacional, a produção é 100% local, as tags de produto são marcadores de livro, e em seu processo de corte, a marca utiliza de softwares que otimizam a utilização do tecido evitando o descarte de matéria-prima.
Camisa Sui Generis com intervenção artística do Augusto, membro da Associação Contato. Foto: Reprodução - marca.
“Gerar conhecimento, oportunidades, igualdade de gênero e crescimento econômico para mulheres, através da arte e da terapia que o tear promove, aliando isso à produção sustentável e o consumo consciente. Acreditamos que a arte, a moda e os valores sociais podem compartilhar das mesmas experiências. Nossas joias são histórias em transformação. As peças são feitas à mão por mulheres que estão transformando suas vidas. São novas artistas que transmitem determinação, beleza e carinho. Pois valorizar as pessoas que pensam, criam e tecem nossa arte faz de cada acessório único. Ele é a materialização da transformação de todos dessa corrente, na busca de perceber o seu valor em nosso mundo. O novo luxo é fazer juntos, no compartilhar conhecimentos e entender qual é o nosso propósito. Isso nos difere no mercado: valores humanos”, afirma Christiane Arcega, fundadora da VLuxo, marca de acessórios que atua diretamente no princípio da sustentabilidade social.
Produção artesanal: peças da VLuxo sendo confeccionadas manualmente. Fotos: Reprodução - marca.
Retomando os princípios do negócio social, na teoria ele vai de encontro a uma dor da comunidade aonde está inserido e busca meios de resolver esse problema. Que é o caso da LaLuz Brasil, que desde seu princípio busca minimizar os impactos gerados pela confecção de uma peça considerada básica - a camiseta. Para isso a LaLuz desenvolveu modelagens zero desperdício e utiliza apenas matéria-prima orgânica. A marca também cuida do manejo responsável dos resíduos gerados pela produção, de forma que tenha o mínimo de impacto possível ao meio ambiente e fornece formação e geração de renda para costureiras em projetos sociais. "Trabalhamos com muita responsabilidade a produção de uma peça tão democrática quanto a camiseta, que veste diferentes idades, gêneros e culturas. Tratando com ética e coerência cada detalhe envolvido na produção para obtermos uma peça bonita, consistente e duradoura." completa Fabiana, a designer e fundadora da marca.
Camiseta da linha "Quase Básica". Foto: Priscilla Fiedler - cedida pela marca.
Além de fomentar a economia, projetos como esses também transformam vidas. Mostrando que com pequenas mudanças de pensamento e atitudes de consumo, caminhamos para uma podemos mudar a indústria da moda como a conhecemos. Isso também é ser autêntico.