A 12.ª edição do LABModa foi uma celebração da moda, da arte e da música no ambiente que tornou o evento a “semana de moda curitibana por direito”: o vão livre do Museu Oscar Niemeyer. Na transversalidade das propostas, se manteve fiel às suas origens sem desperdiçar a chance de oferecer algum frescor ao bom público presente nos quatro dias.
Não fosse essa a primeira edição estruturada depois da pandemia que nos assolou, talvez a reflexão nem fosse necessária. Mas a impressão ao ir neste LABModa é de que alguns conceitos como sustentabilidade, inovação, microempreendedorismo e autenticidade nunca fizeram tanto sentido para as pessoas.
Durante o recesso forçado dos eventos presenciais, as marcas tiveram que se reinventar - as que sobreviveram. E desta forma renasceram com o propósito lapidado e com mais gana de se manter num esquema de produção ético e íntegro. Do lado do consumidor, a recíproca é verdadeira. Tive a impressão de que o público do autoral cresceu e se graduou. Pudemos ver representantes da Geração Z, que já nascem com o chip para o consumo consciente, mas também gente madura que conseguiu fazer a curva das vitrines espelhadas das grifes renomadas para os charmosos aparadores de madeira rústica alinhados no piso do MON. A moda, como amálgama desse caráter mais valoroso, respondeu com bom designer, bons acabamentos e matérias-primas inovadoras.
Talvez, uma parte desse público tenha se dado conta de que já tem roupa e acessório suficientes para o resto de sua existência na Terra, e ao fazer a opção do consumo prefere dar algum sentido a esse ato. Nessa vertente, a curadoria cuidadosa das marcas, os desfiles bem produzidos e as performances fecham o círculo virtuoso de um evento que realmente gera interesse ao público.
Para não ficar - injustamente - só na moda, o LAB também nos presenteou com shows e performances artísticas numa iniciativa que não é nova para o evento, mas que a cada edição ganha importância na programação com variedade, diversidade e mais qualidade. Houve oportunidades de falas relevantes e trocas de experiências em podcasts porque, afinal, mais do que nunca é importante (tentarmos) entender o sentido das coisas num mundo que não se livra das tribulações.
Olhando em perspectiva para o histórico, o sentimento é que o LAB 2023 agrega não só na moda, mas como oportunidade dessa experiência tão antiga quanto humana que são os encontros. Conectar pessoas dentro de uma diversidade de propostas é um caminho inteligente e interessante que esta edição fez com maestria e com o amadurecimento de doze edições!
por Dani Brito
Formada em Jornalismo, estudou História da Arte do século 20. Foi editora de moda e teve passagens por TV, site e colunas de rádio, sempre discutindo a moda sob o viés da sustentabilidade e do empreendedorismo.
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