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Mais do que tendência, moda sustentável chega para transformar


Marcas que participam da LABmoda 2019 em Curitiba mostram que fazer moda sustentável é possível e buscam conscientizar ainda mais os consumidores na 10ª edição do evento

Alexandre Linhares e Thifany Éfe, estilistas empreendedores da marca H-AL, em sua loja-ateliê em Curitiba.

Alexandre Linhares e Thifany Éfe, estilistas empreendedores da marca H-AL, em sua loja-ateliê em Curitiba. Foto: Luísa Bonin.

Slow fashion, zero waste, upcycling, moda circular, fairtrade, lowsumerism. Esses são alguns dos termos que ganham cada vez mais espaço no universo da moda. Tratam-se novos processos e formas de consumir que nasceram da crescente preocupação e do olhar mais atento de marcas e consumidores e que hoje estão transformando mais do que padrões estéticos na indústria fashion. “Muito mais do que uma tendência, a sustentabilidade é algo que hoje transcende a moda”, explica Aline Bussi, curadora do LABmoda 2019. O evento, que acontece em Curitiba entre os dias 25 de junho e 14 de julho, no piso S1 do shopping Pátio Batel, traz ao público algumas marcas que enxergam a sustentabilidade como um verdadeiro propósito.

Empreender e criar peças sustentáveis e conscientes não é uma tarefa fácil. Uma roupa, calçado ou acessório verdadeiramente sustentável não pode apenas ser confeccionado a partir de um material eco-friendly. Os estilistas precisam ter uma visão completa sobre todo o processo produtivo e buscar o menor impacto em cada uma das etapas, da matéria-prima à relação e comunicação com fornecedores, parceiros e clientes.

“Quando falamos em moda sustentável, a maioria das pessoas tende a pensar apenas nos materiais, mas a sustentabilidade envolve tudo: a plantação do algodão, a confecção dos tecidos, o processo de tingimento, a remuneração das pessoas envolvidas... enfim, toda uma cadeia”, explica Karin Oliveira, estilista da estúdio363, uma das marcas que estará no LABmoda 2019 a partir de junho.

Karin Oliveira em seu ateliê em Curitiba. Foto: Luísa Bonin.

A conexão com a natureza desde a infância levou a design de moda a criar uma marca focada no desenvolvimento sustentável. Para confeccionar as roupas de vestuário feminino, utiliza apenas tecidos nacionais e biodegradáveis, além de reutilizar os retalhos da própria produção, que é toda feita em um ateliê na capital paranaense. Karin define a sustentabilidade como “espinha-dorsal” da marca e acredita que o LABmoda vai ajudar a levar a coleção de estilistas locais a um novo público e a conscientizar mais pessoas.

É também o que espera Christiane Arcega, fundadora da VLuxo. A marca de acessórios, que são feitos à mão por mulheres capacitadas individualmente para o ofício de artesãs como forma de reintegração ao mercado de trabalho, participa pela primeira vez do LABmoda. “Acho que vamos conversar com consumidores que não são o nosso público e essa vai ser a oportunidade de plantar uma sementinha nessas pessoas, mostrando que outros modelos de negócio são possíveis”, diz Chris. Além de ser um negócio social, a VLluxo também preza pelos materiais nacionais e com menor impacto ao meio ambiente, livres de níquel e cádmio.

Os estilistas empreendedores Lucas e Yasmin, da Transmuta, na Coletize, onde ficam a venda suas peças em Curitiba.

Os estilistas empreendedores Lucas e Yasmin, da Transmuta, na Coletize, onde ficam a venda suas peças em Curitiba. Foto: Luísa Bonin.

Outra marca que marcará presença no LABmoda 2019 é a Transmuta. Ela nasceu em Curitiba com o objetivo de propor uma moda mais coerente com os tempos atuais e um consumo menos descartável. Nela, a dupla de estilistas Lucas Bettin e Yasmin Lapolli trabalha com o upcycling refinado, desenhando e confeccionando novas peças a partir do tecido de roupas que seriam descartadas. “Nós ressignificamos peças, colocando roupas que chegaram ao fim do seu ciclo de vida útil no começo da cadeia novamente”, explicam os estilistas, que colocam na etiqueta de cada nova peça a foto das outras roupas que foram usadas como matéria-prima. Outra estilista que estará no LABmoda, Juliana Sandeski, também usa o upcycling e o reaproveitamento na confecção de peças da sua marca, a YSKI. “Antes da marca eu tive um brechó, passei seis anos fazendo só upcycling e hoje eu não consigo desperdiçar nada”. Segundo ela, todo tecido extra das coleções viram outras peças, como lingeries.

Thifany e Alexandre em seu ateliê, preparando a coleção que estará a venda no LABmoda2019.

Thifany e Alexandre em seu ateliê, preparando a coleção que estará a venda no LABmoda2019. Foto: Luísa Bonin.

A busca por um modelo mais sustentável também foi o que motivou Alexandre Linhares e Thifany Éfe, estilistas da marca curitibana H-AL. A dupla considera o reaproveitamento de resíduos e tecidos ao mesmo tempo uma obrigação e fonte de inspiração para a criação de suas peças. “Reaproveitamos 100% dos nossos materiais, até mesmo as rebarbas das roupas são reutilizadas e viram almofadas”, explica Alexandre. Os estilistas foram um dos pioneiros na moda sustentável em Curitiba, com a criação da marca H-AL em 2007. Hoje, toda a produção é feita na loja-ateliê no bairro Mercês, com técnicas artesanais manuais e conscientes. O tingimento de cada coleção, por exemplo, é feito em baldes e nenhum resíduo é descartado na água. “Antes, nós falávamos de coisas que as pessoas não entendiam, hoje há sim uma tendência maior em relação à sustentabilidade e isso é positivo. Toda mudança de comportamento começa por uma tendência”.

Os estilistas empreendedores Alexandre e Thifany, em sua loja-ateliê na Alameda Prudente de Moraes, 445, em Curitiba.

Os estilistas empreendedores Alexandre e Thifany, em sua loja-ateliê na Alameda Prudente de Moraes, 445, em Curitiba. Foto: Luísa Bonin.

Apesar dos desafios, como a dificuldade para compra de materiais em pequena escala e custos mais elevados para uma produção consciente, os estilistas concordam que a moda sustentável é o caminho. “Há alguns anos atrás, parece que estávamos falando sozinhos em termos de mercado consumidor. Hoje é uma preocupação global, que vai muito além do consumo e não é passageira”, observa Chris, da VLuxo.

Christiane, empreendedora da VLuxo, em seu escritório em Curitiba. Foto: Luísa Bonin.

Além de produtos com menor impacto ambiental e social, as marcas sustentáveis também ajudam a transformar a lógica comportamental do consumo, incentivando seus clientes a fazerem escolhas melhores, cada vez mais conscientes e menos guiadas pelo impulso. Lucas e Yasmin, da Transmuta, por exemplo, trabalham para conscientizar cada vez mais seu público e estão elaborando conteúdos didáticos sobre temas como upcycling, moda sustentável e sustentabilidade para a página da marca.

Para Rafael Perry, idealizador do LABmoda, no evento as marcas têm mais uma oportunidade para propor uma reflexão e possibilitar a evolução do consumidor. “Nossa proposta é dar espaço e visibilidade para os estilistas locais e criar uma discussão em cima da sustentabilidade e da economia”, resume ele.

A sustentabilidade é um dos pilares que norteiam a curadoria do LABmoda 2019, ao lado da identidade e da qualidade. Ao todo, o evento vai reunir mais de 20 estilistas que trazem esses três eixos em seus trabalhos, além de uma programação com desfiles, shows e bate-papos sobre moda.

Não perca o LABmoda 2019:

Quando: de 25 junho a 14 de julho

Onde: piso S1 do Shopping Pátio Batel (Av. do Batel, 1868 - Batel, Curitiba)

Mais sobre a programação e os bastidores:

https://instagram.com/lab.moda https://www.facebook.com/LABmoda/

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